terça-feira, 26 de agosto de 2014

Enterro

Enterro aqui, tudo que passou. Passado. E que o presente amaldiçoado, me traga a alegria de tuas lágrimas. E traga o caminho dos teus passos. A ânsia do teu escarro, quente, na minha boca, mantém aberta a ferida, que um dia você molhou com saliva.


Enterro as minhas chagas, e, minha frieza te aguarda, na nossa cama triste, quente, vazia.


Todas as cicatrizes, ainda me lembram quem eu sou, quem eu fui e sempre vou ser. E nada me fará esquecer, nada me fará mudar, quem eu sou, um só, mudei, transformei, me transformei, e, continuo sendo eu mesmo.


Enterro a minha boca na areia, para que formigas, cobras e caranguejeiras, devorem minha língua, mas que deixem minha íngua. Que mantenha minha dor, que queime, arda, só não tire de mim, o caminhou que vou, seja lá qual for, seja lá o que for.

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